Estou aqui em mais um plantão, e como sempre coisas boas e intercorrências podem acontecer. É isso o que tem de bom do trabalho no PS. Movimento. Mas uma coisa me chateia... Desentendimentos... Hoje um contratempo com alguém no plantão, que pela segunda vez me chateou, mas como ser humano que sou acabei dessa vez não deixando de lado ... Falei o que me incomodou, um pouco de um modo ortopédico de ser... Mas saiu... Não deu para segurar .... Antes de ortopedista sou médica, e onde estudei aprendi a ver os pacientes como seres humanos que sofrem e sentem. Merecem ser tratados não só como " uma fratura de perna" ou um "cardiopata" ... Enfim... Venho fazer uma pausa e checando minhas mensagens encontro mais uma parte da viagem ao Kilimanjaro publicada. E bem na parte onde Max Kausch e eu ajudamos uma pessoa no meio do caminho. E eu como Médica Ortopedista, acabei usando os conhecimentos sobre exame físico pulmonar há muito tempo aprendidos e que por motivos de especialização ficaram guardados para uma ocasião onde fossem necessários. Bom... Como precisei falar hoje, para não engolir, não trato ossos... Cuido de pessoas completas! A coisa boa foi que no mesmo plantão pude rever uma pessoa muito querida e cuidar de seu filho, e atender muitas outras pessoas e ouvir e aliviar um pouco suas dores. Aí vai a parte 4 do Kilimanjaro! Compartilhem...
Kilimanjaro Parte 4
Foto de Felipe, minha amiguinha do Orfanato. A que pulou dentro da van!
Pítias,
condenado à morte pelo tirano Dionísio, passava na prisão os seus
últimos dias. Dizia não temer a morte, mas, como explicar que seus
olhos se enchessem de lágrimas ao ver o caminho que se abria diante das
grades da prisão? Sim, era a dura lembrança dos velhos pais! Era ele o
arrimo e o consolo deles. Não mais suportando, um dia Pítias disse ao
tirano:
- Permita-me ir à casa abraçar meus pais e resolver meus negócios.
Estarei de volta em quatro dias, sem acrescentar nem uma hora a mais.
- Como posso acreditar na sua promessa? Os caminhos são desertos. O
que você quer mesmo é fugir - respondeu Dionísio, irônica e
zombeteiramente.
- Senhor, é preciso que eu vá. Meus pais estão velhinhos e só contam
comigo para se defenderem - insistiu Pítias com o olhar nublado de
lágrimas. Vendo que o tirano se mantinha irredutível, Damon, jovem e
amigo de Pítias, interveio propondo:
- Conceda a licença que meu amigo pede; conheço seus pais e sei que
carecem da ajuda do filho. Deixe-o partir e garanto sua volta dentro
dos dias previstos, sem faltar uma hora, para lhe entregar a cabeça. A
resposta foi um não categórico. Compreendendo o sofrimento do amigo,
Damon propôs ficar na prisão em lugar de Pítias e morreria no lugar dele
se necessário fosse. O tirano, surpreendido, aceitou a proposta e
depois de um prolongado abraço no amigo, Pítias partiu. O dia marcado
para sua execução amanheceu ensolarado. As horas passavam céleres e a
guarda já se mostrava inquieta. Entretanto, Damon procurava
restabelecer a calma, garantindo que o amigo chegaria a tempo.
Finalmente chegara a hora da execução. Os guardas tiraram os grilhões
dos pés de Damon e o conduziram à praça, onde a multidão acompanhava em
silêncio a cada um dos seus passos. Subiu, então, ao cadafalso. Uma
estranha agitação levou a multidão a prorromper em gritos. Era Pítias
que chegava exausto e quase sem fôlego. Porém, rompendo a multidão,
galgou os degraus do cadafalso, onde, abraçando o amigo, entregou-se ao
carrasco sem o menor pavor.
Os soluços da multidão comovida chegaram aos ouvidos do tirano.
Este, pondo-se de pé em sua tribuna, para melhor se convencer da cena
que acabava de acontecer na praça, levantou as mãos e bradou com
firmeza:
- Parem imediatamente com a execução! Esses dois jovens são dignos
do amor dos homens de bem, porque sabem o quanto custa a palavra.
Eles provaram saber o quanto vale a honra e o bom nome! Descendo imediatamente daquela tribuna, dirigiu-se a Pítias e a Damon.
Dionísio estava perplexo, e os abraçando comovidamente, lhes falou:
- Eu daria tudo para ter amigos como vocês!
Autor desconhecido